A Guiné-Bissau, um dos países mais pobres e frágeis do mundo, tem uma população de cerca de 1,9 milhões. A costa do Oceano Atlântico da Guiné-Bissau é composta pelo arquipélago dos Bijagós, com mais de 100 ilhas. Faz fronteira com o Senegal a norte e com a Guiné a sul e a leste e, apesar da sua dimensão, acolhe uma grande variedade de grupos étnicos, idiomas e religiões.
Contexto Político
A Guiné-Bissau tem uma história de fragilidade política e institucional que remonta ao tempo da sua independência de Portugal em 1974. É um dos países mais propensos a golpes de estado e politicamente mais instáveis do mundo. Desde a independência, foram registados quatro golpes de estado bem-sucedidos, com outras 16 tentativas de golpes, conspirados ou alegados. Foram feitos alguns progressos com o anterior presidente, José Mário Vaz, que foi o primeiro a completar um mandato completo desde a independência. As eleições presidenciais de 2019 foram seguidas por uma crise política que terminou em Abril de 2020 com o reconhecimento pela CEDEAO de Umaro Sissoko Embalo como Presidente da República. Com a posse do novo governo em março de 2020, o país teve estabilidade política apesar das tensões internas e das alegações de interferências políticas no poder judicial. As próximas eleições legislativas estão previstas para o início de 2023 e as eleições presidenciais para o final de 2024.
Perspetiva económica
- A economia sofreu uma contração de 1,4% em 2020, em comparação com um crescimento real do PIB de 4,5% em 2019. Isto foi impulsionado por ruturas nas cadeias de abastecimento e pela redução da procura e da atividade económica, causadas por medidas e políticas adotadas para a contenção da pandemia. A inflação aumentou para 1,5%, tendo sido de 0,% em 2019. O défice orçamental global aumentou de 4% do PIB em 2019 para 9,5% em 2020. As receitas fiscais caíram de 10,2% para 8,4%, o que equivale a um rácio salários/receitas fiscais de aproximadamente 80%. Do lado da despesa, a despesa total do governo aumentou de 19,3% do PIB em 2019 para 25,8% em 2020. Como resultado, a dívida pública atingiu 79,3%.
- Prevê-se que o crescimento real do PIB atinja 3,3% (3,6% em termos per capita) em 2021, à medida que o programa de vacinação ganha tração, a procura internacional por castanha de caju recupera e as medidas de lockdown vão terminando. Uma recuperação dos preços internacionais e fortes números preliminares da produção interna e da exportação de caju ajudarão a ter um défice orçamental de 5%. Prevê-se que a dívida pública venha a descer para 78,4% do PIB. A inflação deverá aumentar para 1,9% e permanecer estável a médio prazo.
Estas perspetivas estão sujeitas a riscos substanciais de descida. Uma nova fase de instabilidade política pode levar a derrapagens fiscais e exacerbar o já difícil ambiente para os negócios. Preços mais baixos para o caju no futuro ou menores quantidades exportadas também seriam um risco. A persistência da crise da COVID-19 pode afetar negativamente os rendimentos das famílias e aumentar o risco de caírem numa situação de pobreza. Os riscos associados à instabilidade bancária também continuam a ser uma ameaça à estabilidade macrofinanceira.
Um forte aumento dos preços do petróleo também colocaria uma pressão adicional sobre o saldo da balança corrente externa e deixaria menos recursos disponíveis para despesas governamentais a favor dos mais pobres. Abordar as grandes desigualdades existentes no país também exige esforços para melhorar a prestação de serviços e melhorar o acesso aos serviços básicos. Contudo, acelerar ou mesmo manter o ritmo de redução da pobreza será difícil se a situação política permanecer por resolver e se não forem enfrentados os grandes desafios de desenvolvimento que limitam o crescimento, a inclusão e a sustentabilidade.
Última atualização: 30 de setembro de 2021