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REPORTAGEM 19 de agosto de 2019

Comunidades costeiras de São Tomé e Príncipe lutam contra impactos da mudança climática

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DESTAQUES DO ARTIGO

  • As comunidades costeiras de São Tomé enfrentam inundações até 10 vezes ao ano e deslizamentos de terra frequentes, destruindo casas e meios de subsistência.
  • Os esforços para fortalecer a resiliência das comunidades costeiras da África Ocidental, incluindo as de São Tomé, foram aumentados através do Projecto de Investimento Resiliente das Áreas Costeiras da África Ocidental.
  • O projeto regional baseia-se no sucesso do Projeto de Adaptação às Mudanças Climáticas, que ajudou a reduzir a incidência de inundações.

SAO TOME, 19 de Agosto, 2019 –Há alguns anos, João Fernandes teve um dos maiores sustos de sua vida. Sua pequena vila de Santa Catarina foi inundada por uma forte chuva acompanhada por uma forte tempestade de vento.

"Corri para casa e, no caminho, vi casas em colapso e vizinhos lutando para salvar o que pudessem", disse Fernandes, que estava pescando quando a tempestade chegou. “A minha casa já estava inclinada para um lado e não parecia capaz de resistir à forte tempestade. A água invadira a casa e nossos pertences estavam flutuando. Minha esposa estava nos últimos dias de gravidez do segundo filho e mal conseguia se mexer. Eu apenas rezei para que a casa não desmoronasse e que o tempo melhorasse ”.

As inundações são frequentes para a comunidade de Fernandes e de muitas pessoas que vivem em aldeias costeiras de São Tomé e Príncipe (STP), que foram afectadas pelas mudanças climáticas, impulsionadas por causas naturais e causadas pelo homem. As áreas mais baixas são inundadas pela água do mar durante o mau tempo, enquanto que as áreas superiores são invadidas por água misturada com lama resultante de desmoronamento de terras das montanhas devido às chuvas fortes.

"Para reduzir a incidência de inundações nesta comunidade, com o Projeto de Adaptação às Mudanças Climáticas, construímos diques, sistema de drenagem e quebra-mares para ajudar a canalizar a água para o mar e trabalhamos com as comunidades na realocação voluntária para áreas mais seguras", disse Arlindo Carvalho, Coordenador por STP do Projecto Áreas Costeira da África Ocidental “As primeiras quatro comunidades costeiras podem agora guardar a sua casa, gado, canoas e bens.”

Após o sucesso do Projecto de Adaptação às Alterações Climáticas, o apoio às comunidades costeiras de STP foi aumentado através do Projecto de Investimento de Resiliência das Áreas Costeiras da África Ocidental (WACA), um projecto regional que inclui apoio ao Benim, Costa do Marfim, Mauritânia, Senegal e Togo. WACA visa fortalecer a resiliência das comunidades costeiras e áreas alvo na África Ocidental e ampliar o conhecimento, financiamento e diálogo.

Por meio do projeto WACA, oito comunidades costeiras adicionais desenvolveram e irão  implementar estratégias de adaptação específicas para suas necessidades. Acções de melhor planeamento do uso da terra, construção de infraestrutura verdes e o plantio de árvores para estabilizar a linha costeira, ajudaram a mitigar os impactos de inundações e deslizamentos de terra nos domicílios nos locais piloto. O efeito combinado dessas medidas é que as ocorrências de inundação têm menos impacto e os desastres naturais são mais curtos.

"Eu faço parte das famílias mais afetadas pelas enchentes e deslizamentos de terra. Portanto, nos predispusemos para sermos realocados", disse Fernandes, cuja casa de família foi uma das primeiras residências construídas em áreas mais seguras na primeira fase do projeto WACA. “Sinto-me mais aliviado que a minha família estará mais segura agora e podemos ter uma vida normal distante das áreas de risco. Aprendemos uma lição: não devemos construir casas em lugares onde não somos permitidos ”.

Para tornar as aldeias costeiras mais seguras e reduzir a probabilidade de mortes, WACA criou patrulhas de voluntários treinados, por meio de comitês de risco locais que fornecem alertas antecipados, identificam riscos de inundações e deslizamentos e realizam trabalhos de manutenção para reduzir riscos. O conhecimento sobre como lidar com os riscos durante o mau tempo é também partilhado entre os pescadores mais antigos e os mais novos.  

Até ao final do projeto, um total estimado de 20.730 pessoas, quase metade delas mulheres, será beneficiado pelo projeto.



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