Na recente Cúpula Presidencial realizada em agosto deste ano em Belém, Brasil, líderes da região amazônica se reuniram para discutir as preocupações mais urgentes da Amazônia e as oportunidades de ação para abordá-las. As discussões abrangeram diversos temas, incluindo a proteção dos recursos hídricos e as ameaças decorrentes da exposição a substâncias perigosas, incluindo o mercúrio proveniente da mineração de ouro. Dos compromissos resultantes da Cúpula, surgiu a necessidade de lidar com o problema da contaminação por mercúrio, com atenção especial aos impactos na saúde humana, à realização de atividades de prevenção e remediação, e ao fortalecimento da cooperação regional e internacional no combate à mineração ilegal e outros crimes relacionados.
A mineração ilegal de ouro gera degradação nas florestas e rios, causando desmatamento e impactando o curso dos rios devido à remoção de sedimentos. Além disso, tem um impacto negativo na saúde e na cultura das comunidades locais e indígenas. Estudos recentes que analisaram amostras de cabelo e sangue de comunidades locais na Amazônia encontraram valores que excedem significativamente os padrões aceitos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Além disso, um estudo focado em mulheres grávidas no Suriname descobriu que 97% delas apresentam concentrações de metilmercúrio no sangue que poderiam afetar gravemente o desenvolvimento neuropsicológico dos bebês.
No território amazônico do Brasil, Colômbia e Peru, essa prática ilegal tem aumentado paralelamente ao aumento nos preços do ouro e à crescente participação de grupos que operam à margem da lei. Por exemplo, entre 2021 e 2022, nas proximidades do Parque Nacional Natural Amacayacu na Colômbia e na fronteira com o Brasil, houve um aumento de 150% no número de balsas usadas para a mineração na Colômbia e um aumento de 410% no Brasil.
Com o objetivo de gerar atenção e ação diante da situação mencionada, o projeto regional do Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL), liderado pelo Banco Mundial com recursos do Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF), facilitou o desenvolvimento de uma série de atividades para fortalecer a colaboração regional na luta contra os impactos da mineração de ouro e a contaminação por mercúrio. Esse processo teve início em 2021 no Brasil, Colômbia e Peru, em parceria com a Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável (FCDS), que lidera a Aliança Regional Amazônica para a Redução dos Impactos da Mineração de Ouro (ARAIMO), e a Conservation Strategy Fund (CSF).
Essas atividades ampliaram a compreensão das dinâmicas regionais associadas à mineração de ouro e ao uso de mercúrio, e incentivaram o diálogo entre instituições públicas, científicas e da sociedade civil para propor estratégias de prevenção e resposta à contaminação por mercúrio. No decorrer do trabalho, por meio de diálogos regionais promovidos pela ARAIMO, foram identificadas duas áreas prioritárias: o território ao redor do rio Puré, que marca a fronteira entre Colômbia e Brasil, e uma área de tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Este Storymap contém informações mais detalhadas sobre os resultados dos estudos nessas áreas e o contexto da atividade de mineração ilegal.