Situado na África Austral, Moçambique faz fronteira com seis países e possui uma linha costeira de 2.700 km ao longo do Oceano Índico, frente a Madagáscar, o que lhe confere uma posição estratégica para servir os países vizinhos sem litoral. O país é dotado de vastos recursos naturais, incluindo reservas de gás offshore, depósitos minerais, terras aráveis, potencial hidroeléctrico e rica biodiversidade. Contudo, apesar destas vantagens, grande parte dos seus 33 milhões de habitantes — dois terços dos quais vivem em zonas rurais — não têm acesso a serviços básicos nem a oportunidades económicas significativas.
O crescimento continua limitado por uma combinação de pressões económicas imediatas e desafios estruturais de longa data. Estes incluem desequilíbrios macrofiscais crescentes, como escassez de liquidez e restrições cambiais, fraca governação, infra-estruturas inadequadas, baixos níveis de capital humano e competências, ambiente empresarial limitado, vulnerabilidade a choques externos, conflito persistente — particularmente em Cabo Delgado — e acentuadas disparidades espaciais.
Com um novo governo empossado após as eleições de Outubro de 2024, o Presidente Daniel Chapo deu prioridade à transparência, eficiência institucional, reforma económica e desenvolvimento inclusivo. A ambição do país de estabelecer a sua independência económica, ao celebrar cinquenta anos de soberania política, oferece uma janela de oportunidade para ultrapassar os constrangimentos estruturais de longa data e traçar uma nova trajectória de desenvolvimento.
ECONOMIA
O PIB real contraiu-se 2,4% em termos homólogos no primeiro semestre de 2025, principalmente devido a quedas nos sectores da indústria e dos serviços. A economia permanece frágil, afectada por agitação pós-eleitoral, pressões fiscais, escassez de divisas e baixa confiança dos investidores. O projecto de gás Coral Sul, que atingiu plena capacidade em 2024, contribui agora minimamente para o crescimento.
A inflação caiu para 4% nos primeiros sete meses de 2025, impulsionada pelo comércio transfronteiriço melhorado com a África do Sul, que reduziu os preços dos alimentos. Em resposta, o Banco Central flexibilizou a política monetária, reduzindo a taxa de referência para 10,25% e o requisito de reservas sobre depósitos em moeda local de 39% para 29%. No entanto, o crescimento do crédito ao sector privado permanece fraco, em 4% em termos homólogos.
Prevê-se que o crescimento do PIB seja de 1,8% em 2025, aumentando gradualmente para 3,5% até 2027, impulsionado pela recuperação da agricultura e dos serviços. O défice fiscal deverá alargar-se para 6,2% do PIB em 2025, devido à redução das receitas, aumento dos custos salariais e serviço da dívida interna. A consolidação fiscal a médio prazo depende do controlo da massa salarial.
Os riscos para as perspectivas incluem choques climáticos, atrasos em projectos de GNL, problemas de segurança no Norte e crescentes pressões fiscais e cambiais.
A taxa nacional de pobreza aumentou de 48,4% para 62,9% entre 2014/15 e 2022, com mais 7 milhões de moçambicanos a cair na pobreza, totalizando 20,4 milhões. Este aumento é atribuído à crise da dívida oculta, à COVID-19 e a desastres naturais. A pobreza está concentrada em Nampula e Zambézia, que albergam 46% dos pobres. A produtividade agrícola persistentemente baixa, que sustenta a maioria dos agregados familiares pobres, continua a dificultar a redução da pobreza.
Última atualização: 16 de outubro de 2025