O crescimento global deve desacelerar para 2,1% em 2023, com perspectivas obscurecidas por riscos financeiros
WASHINGTON, 06 de junho de 2023 — O crescimento global sofreu desaceleração acentuada e o risco de estresse financeiro nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento (EMDEs) está se intensificando em meio à elevação das taxas de juros globais, de acordo com o mais recente relatório Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial.
Segundo projeções, o crescimento global deve desacelerar de 3,1% em 2022 para 2,1% em 2023. Nos EMDEs, com exceção da China, o crescimento deverá desacelerar de 4,1% no ano passado para 2,9% este ano. Tais previsões refletem rebaixamentos abrangentes.
“A maneira mais segura para reduzir a pobreza e compartilhar a prosperidade é por meio do emprego – e o crescimento mais lento torna a geração de empregos muito mais difícil”, disse o Presidente do Grupo Banco Mundial, Ajay Banga. É importante ter em mente que as projeções de crescimento não representam um destino. Temos a oportunidade de inverter a tendência, mas para isso precisaremos trabalhar todos juntos.”
Até o momento, a maioria dos EMDEs sofreu poucos danos em razão do recente estresse bancário nas economias avançadas, mas agora estão navegando em águas perigosas. Com as condições de crédito global cada vez mais restritivas, um em cada quatro EMDEs perdeu efetivamente o acesso aos mercados internacionais de títulos. O arrocho é especialmente grave para os EMDEs com vulnerabilidades subjacentes, como baixa qualidade de crédito. As projeções de crescimento para essas economias em 2023 são menos da metade das projeções de um ano atrás, o que as torna altamente vulneráveis a novos choques.
“A economia mundial encontra-se em uma posição precária,” disse Indermit Gill, Economista-Chefe e Vice-Presidente Sênior do Grupo Banco Mundial. “Fora do Leste e do Sul da Ásia, ela está muito longe do dinamismo necessário para erradicar a pobreza, combater as mudanças climáticas e repor o capital humano. Em 2023, o ritmo de crescimento do comércio será menos de um terço do registrado nos anos anteriores à pandemia. Nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, as pressões sobre a dívida estão crescendo devido às taxas de juros mais altas. Os déficits fiscais já levaram muitos países de baixa renda ao sobreendividamento. Enquanto isso, as necessidades de financiamento para atingir as metas de desenvolvimento sustentável são muito maiores até do que as projeções mais otimistas de investimento privado.”
As previsões mais recentes indicam que os choques sobrepostos da pandemia, a invasão russa da Ucrânia e a forte desaceleração em meio a condições financeiras globais restritivas causaram um forte retrocesso no desenvolvimento dos EMDEs, que persistirá no futuro próximo. Até o final de 2024, espera-se que a atividade econômica nessas economias fique cerca de 5% abaixo dos níveis projetados às vésperas da pandemia. Em mais de um terço dos países de baixa renda (especialmente os mais pobres), os danos são graves: a renda per capita em 2024 ainda estará abaixo dos níveis de 2019. Tal ritmo fraco de crescimento da renda consolidará a pobreza extrema em muitos países de baixa renda.
“Muitas economias em desenvolvimento estão lutando para lidar com um crescimento fraco, inflação persistentemente alta e níveis recordes de endividamento. No entanto, novos riscos, como a possibilidade de repercussões mais amplas do novo estresse financeiro nas economias avançadas, podem piorar ainda mais a situação para elas,” disse Ayhan Kose, Economista-Chefe Adjunto do Grupo Banco Mundial. “Os formuladores de políticas nessas economias devem agir imediatamente para evitar o contágio financeiro e reduzir as vulnerabilidades internas de curto prazo.”
Nas economias avançadas, o crescimento deverá desacelerar de 2,6% em 2022 para 0,7% este ano e permanecerá fraco em 2024, de acordo com o relatório. Depois de crescer 1,1% em 2023, a economia dos EUA deve desacelerar para 0,8% em 2024, principalmente devido ao impacto persistente do acentuado aumento das taxas de juros no último ano e meio. Na zona do euro, a previsão é de que o crescimento desacelere para 0,4% em 2023, em comparação com 3,5% em 2022, devido ao efeito defasado do arrocho da política monetária e dos aumentos nos preços da energia.
O relatório também oferece uma análise de como os aumentos nas taxas de juros dos EUA estão afetando os EMDEs. A maior parte do aumento dos rendimentos de dois anos do Tesouro no último ano e meio foi impulsionada pelas expectativas dos investidores em relação à agressiva política monetária dos EUA para controlar a inflação. De acordo com o relatório, esse tipo específico de aumento da taxa de juros está associado a efeitos financeiros negativos nos EMDEs, incluindo uma probabilidade mais alta de crise financeira. Além disso, tais efeitos são mais pronunciados em países com maior vulnerabilidade econômica. Em especial, os mercados de fronteira (aqueles com mercados financeiros menos desenvolvidos e acesso mais limitado ao capital internacional) tendem a observar aumentos desproporcionais nos custos de empréstimos; por exemplo, os spreads de risco soberano nos mercados de fronteira tendem a aumentar mais de três vezes em relação aos de outros EMDEs.
Além disso, o relatório fornece uma avaliação abrangente dos desafios da política fiscal enfrentados pelas economias de baixa renda. Esses países encontram-se em uma situação difícil. O aumento das taxas de juros agravou a deterioração de suas posições fiscais na última década. Atualmente, a dívida pública corresponde, em média, a cerca de 70% do PIB. Os pagamentos de juros estão consumindo uma parcela cada vez maior das limitadas receitas do governo. Catorze países de baixa renda já estão, ou correm alto risco de entrar, em sobre-endividamento. As pressões sobre os gastos aumentaram nessas economias. Os choques negativos, como eventos climáticos extremos e conflitos, têm maior probabilidade de levar as famílias a situações de dificuldade nos países de baixa renda do que em qualquer outro lugar, devido às limitadas redes de proteção social. Em média, esses países gastam apenas 3% do PIB com seus cidadãos mais vulneráveis, o que é bem abaixo da média de 26% das economias em desenvolvimento.
Baixe o relatório completo: https://bit.ly/GEPJune2023FullEN
Baixe os dados sobre crescimento: https://bit.ly/GEPJune2023Data
Baixe os gráficos: https://bit.ly/GEPJune2023AllCharts
Panoramas Regionais:
Leste da Ásia e Pacífico: Espera-se que o crescimento aumente para 5,5% em 2023 e depois desacelere para 4,6% em 2024. Para mais informações, consulte o panorama regional.
Europa e Ásia Central: Espera-se que o crescimento suba ligeiramente para 1,4% em 2023, antes de aumentar para 2,7% em 2024. Para mais informações, consulte o panorama regional.
América Latina e Caribe: A projeção é de que o crescimento desacelere para 1,5% em 2023, antes de se recuperar para 2% em 2024. Para mais informações, consulte o panorama regional.
Oriente Médio e Norte da África: Espera-se que o crescimento desacelere para 2,2% em 2023, antes de se recuperar para 3,3% em 2024. Para mais informações, consulte o panorama regional.
Sul da Ásia: A projeção é de que o crescimento caia para 5,9% em 2023, e depois para 5,1% em 2024. Para mais informações, consulte o panorama regional.
África Subsaariana: Espera-se que o crescimento desacelere para 3,2% em 2023, e suba para 3,9% em 2024. Para mais informações, consulte o panorama regional.
Website: https://www.worldbank.org/en/publication/global-economic-prospects
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