Quando se pergunta a um morador de São Paulo quanto tempo ele leva para sair da garagem do trabalho e alcançar o sinal mais próximo – ou, caso saia de ônibus, quantos minutos espera –, a resposta é longa e carregada de queixas.
A discussão vai além das horas perdidas no trânsito: é também socialmente sensível. Os preços e a qualidade do transporte público alavancaram os protestos vividos no Brasil durante a Copa das Confederações, em junho do ano passado.
Os 11 milhões de habitantes da megalópole, a maior da América do Sul, usam diariamente 7,5 milhões de veículos (entre ônibus, carros, caminhões e motos). Todos se espremem em pistas já saturadas, com expansão lenta e cara.
As obras de mobilidade prometidas para a Copa do Mundo, por exemplo, estão atrasadas desde outubro de 2012 e custarão R$ 54 milhões a mais do que o planejado. Uma delas só ficará pronta depois dos jogos.
Duas experiências, no entanto, mostram que o déficit de infraestrutura pode ser ao menos parcialmente compensado com criatividade e tecnologia.
Onde está o ônibus?
Na mais recente delas – um concurso de aplicativos para celular –, 60 hackers criaram 15 softwares para ajudar moradores e visitantes a andar de ônibus com mais facilidade. Para isso, usaram dados recém-abertos pela empresa municipal de transportes.
“Os aplicativos tinham de permitir que os cidadãos monitorassem e avaliassem os ônibus em tempo real, além de funcionar bem e ser facilmente replicáveis”, lembra o mexicano Diego Canales, especialista em transportes no Banco Mundial e jurado na competição.