REPORTAGEM

Mulheres têm papel fundamental no crescimento econômico da América Latina e do Caribe

29 de agosto de 2012


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A participação feminina no mercado de trabalho vem aumentando, principalmente nos últimos 10 anos. Mas, no Brasil, as mulheres ainda ganham menos do que os homens. 

World Bank

DESTAQUES DO ARTIGO
  • A crescente participação feminina no mercado de trabalho teve papel importante na redução da pobreza na região.
  • Sem o trabalho delas, os índices de pobreza extrema na região em 2010 teriam sido 30% maiores.
  • Ainda há obstáculos a vencer, incluindo a diferença salarial marcante entre homens e mulheres.

A imagem de mulheres indo trabalhar todas as manhãs nas ruas da América Latina há muito deixou de ser algo novo. Na verdade, a participação feminina no mercado de trabalho vem aumentando, em particular nos últimos 10 anos. Esse crescimento deu origem a transformações sociais significativas e à melhoria das condições econômicas da região.   

Tanto isso é verdade que, se não houvesse mais mulheres trabalhando, os índices de extrema pobreza em 2010 teriam sido 30% maiores. Algo muito parecido pode ser dito sobre os recentes progressos da região no que diz respeito à desigualdade social.

Segundo um novo estudo do Banco Mundial – O Efeito do Poder Econômico das Mulheres na América Latina e no Caribe –, lançado hoje, no Diálogo Interamericano, em Washington, o mercado de trabalho recebeu mais mulheres de baixa renda do que as de rendimentos altos. Isso representa um dado importante na redução da pobreza na região.

Ajuda no enfrentamento aos choques econômicos

Especialmente durante a crise global de 2009, o fato de as mulheres terem boa participação no mercado de trabalho ajudou a região a enfrentar os choques econômicos. Os lares que contavam somente com a renda dos homens tornaram-se mais vulneráveis do que aqueles em que o homem e a mulher trabalhavam.

“Muitos homens perderam seus empregos durante a crise e contaram com a renda vinda do trabalho feminino para reduzir a pobreza”, disse Louise Cord, gerente do Banco Mundial para o Grupo de Gênero e Redução da Pobreza.

As mães solteiras que trabalham são as que enfrentam o maior risco de pobreza. De fato, as famílias urbanas em que apenas a mulher trabalha têm 1/3 a mais de chance de ser extremamente pobres do que aquelas chefiadas apenas por um homem.

Na América Latina e no Caribe, o aumento da participação feminina no mercado de trabalho aparentemente corresponde a maiores taxas de ingresso das mulheres na educação. 

Em muitos países da região, a lacuna de gênero na educação foi revertida: há mais mulheres do que homens frequentando a escola.


" Existe uma diferença salarial que desfavorece cada vez mais as profissionais qualificadas da região. "

Louise Cord

Gerente do Banco Mundial para o Grupo de Gênero e Redução da Pobreza

As mulheres ainda ganham menos

No entanto, ainda há grandes obstáculos. Mulheres em países como Chile, Brasil, México e Peru recebem salários menores que os homens, principalmente nos cargos de chefia. Essa discrepância é cada vez maior, explica Louise Cord.

“Apesar de terem diploma de ensino superior, apesar de o reconhecimento de experiência não decair tão rapidamente para as mulheres quanto para os homens, vê-se uma diferença salarial que desfavorece cada vez mais as profissionais qualificadas da região.”

Além disso, as mulheres em países como o Brasil tendem a ter uma participação grande em setores de baixa produtividade.

Os índices de violência de gênero e de gravidez entre as adolescentes também tendem a ser altos na região – indicando que as mulheres têm poucas condições de fazer as próprias escolhas e alcançar seus objetivos.

O relatório propõe que as políticas públicas foquem em três elementos para ajudar a aumentar o poder econômico das mulheres: ampliar as oportunidades no mercado de trabalho, aumentar a capacidade delas de traçar metas e alcançá-las e apoiar cada vez mais os lares pobres chefiados apenas pelas mulheres. 


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