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Factsheet 14 de abril de 2021

Resposta do Banco Mundial à COVID-19 (Coronavírus) em África

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Decorrido mais de um ano após o início da pandemia, o rescaldo de uma propagação mais lenta do coronavírus e uma menor taxa de mortalidade, aliado a ações decisivas dos países para salvar vidas e meios de subsistência, conjugado com uma recuperação mais rápida do que o esperado nos preços das commodities contribuíram para melhorar as perspectivas econômicas de muitas economias da África Subsaariana (ASS). No entanto, a pandemia continua a afetar a vida dos africanos, tendo empurrando até 40 milhões de pessoas para a pobreza extrema. Mulheres, jovens, mão de obra de baixa qualificação e aqueles no setor informal continuam os mais afetados pela falta de acesso a redes de segurança social e oportunidades de renda.

Muitos países aproveitaram a oportunidade dentro da crise para avançar mais rapidamente com reformas e investimentos chave que serão cruciais para o desenvolvimento a longo prazo. O caminho para a recuperação será longo e variará significativamente entre economias e sub-regiões. Como parte da sua resposta global, o Grupo Banco Mundial irá disponibilizar até US$160 mil milhões em apoios financeiros para ajudar mais de 100 países a proteger pessoas pobres e vulneráveis, apoiar empresas e apoiar a recuperação económica. Esse valor inclui até US$50 mil milhões para os países africanos.

Em África, a resposta do Banco Mundial centra-se em quatro áreas principais, simultaneamente: salvar vidas, proteger os pobres, proteger e criar empregos e reconstruir melhor.

Desde o início da pandemia em março de 2020, o Banco Mundial disponibilizou quase US$24,7 mil milhões para responder à crise da COVID-19 através de uma combinação de novas operações para a saúde, proteção social, estímulo económico e outros setores, assim como a redistribuição dos recursos existentes.

Salvar vidas

O Banco Mundial tomou medidas rápidas para ajudar os países africanos a reforçarem a sua resposta à pandemia e os seus sistemas de cuidados de saúde e está agora a aumentar o seu apoio para a compra e distribuição de vacinas.

Com o lançamento das campanhas de vacinação em muitos países africanos, garantir um fornecimento adequado de vacinas é uma prioridade para a região. O Banco Mundial estima que cada mês de atraso custa ao continente africano US$13,8 mil milhões em produto interno bruto perdido. 

Atualmente, o Banco Mundial está a preparar projetos de financiamento para aquisição de vacinas de emergência em mais de 30 países africanos, incluindo o Chade, República Democrática do Congo, Etiópia, Guiné-Bissau, Ruanda e Senegal - num total de US$1,85 mil milhões. Estes projetos centram-se em assegurar que os países têm disponíveis recursos financeiros para aceder equitativamente às vacinas, fazer avaliações de prontidão para identificar lacunas e tomar medidas para garantir que as vacinas cheguem ao maior número possível de pessoas, reforçar a infraestrutura, incluindo os equipamentos da cadeia de frio, recursos humanos treinados e transportes, estabelecer sistemas de recolha de dados para monitorizar o impacto dos esforços de vacinação, assim como apoiar campanhas de mudança de comportamentos para lidar com a hesitação em ser vacinado e aumentar a sua procura.

O financiamento de emergência para a compra de vacinas segue o desenvolvimento dos projetos de emergência para a COVID-19 em 36 países (no valor total de US$988 milhões), que se concentram no fortalecimento da prevenção, na expansão dos testes e no fornecimento de equipamentos médicos, como ventiladores portáteis, equipamentos de proteção individual e máscaras, assim como na construção de instalações de saúde, e no fortalecimento do envolvimento comunitário, dos sistemas de saúde e da coordenação. Estão a ser aproveitados recursos adicionais (cerca de US$190 milhões) através da reestruturação de projetos e operações de saúde já existentes.

Ao nível regional, o Banco Mundial está a apoiar instituições regionais como o Centro Africano de Controlo de Doenças, a Organização da Saúde da África Ocidental e a Comissão da União Africana para reforçar a colaboração transfronteiriça em matéria de vigilância e resposta a doenças. O Programa Regional de Melhoria dos Sistemas de Vigilância de Doenças apoia 16 países da ASS, permitindo que os laboratórios expandam e reforcem os testes, a prevenção e controlo de infeções, a comunicação de riscos e a coordenação transfronteiriça.

Além disso, o Banco Mundial está a redistribuir os recursos existentes para os projetos de saúde, urbanos e de resiliência, incluindo mais de US$337 milhões através de componentes de emergência de projetos existentes em 16 países e foram acionadas Operações Saque Diferido para Catástrofe com o desembolso de US$135 milhões nas Seychelles, Quénia e Madagáscar.



Proteger as pessoas pobres

Para proteger os cidadãos pobres e mais vulneráveis e responder ao impacto nos seus meios de subsistência, o Banco está a ajudar os países africanos a:

  • Ampliar e adaptar os seus programas de redes de segurança social: Desde o início da pandemia, mais de US$4,1 mil milhões de novos financiamentos foram aprovados para os programas de redes de segurança social em todo o continente para enfrentar a pobreza crónica através de transferências de dinheiro e apoiar aqueles que perderam os seus meios de subsistência devido à pandemia. Colocando dinheiro no bolso dos pobres, a proteção social pode ajudar a sustentar as atividades económicas locais, especialmente em setores essenciais como a alimentação. No Togo, a Novissi, um programa de transferência de dinheiro para a crise do coronavírus, faz transferências de dinheiro de emergência por meios de pagamento sem contacto para as famílias mais pobres através de imagens de satélite e dinheiro móvel. De igual modo, na República Democrática do Congo, os cidadãos urbanos pobres estão a ser alcançados através do aproveitamento dos dados dos telemóveis e da focalização no “missing middle.” No Níger, as transferências de dinheiro ajudaram a construir a resiliência das famílias às alterações climáticas através da diversificação das fontes de rendimento, encorajando as poupanças e evitando as más decisões de adaptação quando os choques ocorrem. No Malawi, o governo está a substituir pontos de abastecimento de água operados manualmente por sistemas de água automatizados para ajudar a reduzir o congestionamento e os riscos da COVID-19, reduzindo ao mesmo tempo o custo da água.
  • Garantir a segurança alimentar apoiando os agricultores na expansão da produção agrícola para satisfazer as necessidades das comunidades locais e sustentando as cadeias de abastecimento alimentar. Além disso, os governos estão a responder aos aumentos nos preços dos alimentos nos últimos meses. Na Costa do Marfim, 320.000 agricultores receberam apoio aos rendimentos e 5.000 empregos foram salvaguardados em unidades locais de processamento. No Chade, estão a ser criados bancos de cereais e estão a ser distribuídos conjuntos de sementes e de alimentos para ajudar as famílias pobres a não passarem fome durante a crise. No Quénia, estão a ser utilizadas tecnologias digitais através de parcerias com 15 empresas "startup" em Tecnologias Agrícolas para facilitar a entrega de insumos, fazer testes aos solos, seguros de colheitas e outros serviços. Em Madagáscar, um projeto do Banco Mundial está a trabalhar com comunidades de produtores agrícolas deslocados pelas restrições de viagens relacionadas com a COVID-19, na reabilitação de estradas de acesso com grande intensidade de tráfego, assim como em trabalhos intensivos em mão-de-obra para estimular a recuperação da produção agrícola.

Proteger e criar empregos

As Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), que fornecem a maior parte dos empregos, estão a ser particularmente atingidas em toda a região onde as empresas informais dominam o emprego. Estão a ser lançadas obras públicas e programas urbanos novos ou ampliados para facilitar a criação de empregos em comunidades com baixos rendimentos. Na República Centro-Africana, o maior programa de dinheiro por trabalho do país apoiado pelo Banco Mundial produziu mais de dois milhões de máscaras com o objetivo de produzir 10 milhões para fornecer duas máscaras gratuitas a cada cidadão, ao mesmo tempo que gera oportunidades de subsistência para 18.000 alfaiates e 300 empresas locais. De igual modo, o Projeto de Melhoramento dos Aglomerados Informais do Quénia criou mais de 26.000 postos de trabalho, proporcionando atividades de "dinheiro por trabalho" para os jovens, como a limpeza de ruas e sistemas de esgotos garantindo ao mesmo tempo um ambiente limpo e uma infraestrutura urbana melhorada.

Colocar as mulheres no centro dos programas de pagamento digital pode ajudar os países a mitigar os riscos de exclusão e minimizar o impacto da COVID-19 nas mulheres e meninas. Na Zâmbia, o Projeto de Educação de Raparigas e Capacitação das Mulheres e Meios de Subsistência está a ajudar a aumentar o acesso aos apoios de meios de subsistência para mulheres extremamente pobres e o acesso à educação secundária para raparigas desfavorecidas em famílias extremamente pobres. Mais de 34.000 mulheres foram apoiadas pelo programa até agora. Na Serra Leoa, as PME de agro-processamento lideradas por mulheres estão a receber subsídios para assegurar a continuidade e a resiliência dos seus negócio através do Projeto de Competitividade do Agro-Processamento da Serra Leoa

O apoio ao setor privado é fundamental para conter a crise económica e apoiar a recuperação, por isso, o ramo para o setor privado do Grupo Banco Mundial - a Corporação Financeira Internacional (IFC) - está a trabalhar para ajudar o setor privado a enfrentar a pandemia e recuperar do impacto económico e financeiro da crise. Isso inclui a mobilização do fundo de financiamento rápido de US$8 mil milhões da IFC para a COVID-19 para apoiar os clientes existentes na região afetada pelo surto para aumentar o financiamento das pequenas empresas, desenvolver a infraestrutura digital, ajudar a manter as cadeias de abastecimento agrícola em funcionamento e permitir que os fabricantes locais tenham acesso ao capital de giro. Isso também inclui o aproveitamento da Plataforma Global para a Saúde, que foi lançada para ajudar os países em desenvolvimento a combater a pandemia do coronavírus, facilitando o seu acesso a abastecimentos críticos para a saúde e aumentando a resiliência dos seus sistemas de saúde. Além disso a IFC também está a dar apoio consultivo aos clientes, incluindo às instituições financeiras, para gerir o risco durante este período, aos fabricantes de vestuário para os ajudar na transição para a produção de equipamentos de proteção individual (EPI) médicos, e à indústria do turismo para encontrar formas de navegar através deste período difícil.

Reconstruir melhor

Ao mesmo tempo que são abordados os impactos imediatos da pandemia da COVID-19, o foco na recuperação continua a ser o aspeto central para a resposta do Banco e o apoio aos países. Mais de 20 países da África Subsaariana solicitaram ao Banco Mundial operações de política de desenvolvimento ou apoio orçamental para os ajudar a gerir os impactos orçamentais da pandemia. Estas operações estão centradas no apoio aos governos para mitigar os efeitos da pandemia da COVID-19 e, ao mesmo tempo promover reformas que criem as condições para a recuperação económica. A 25 de março de 2021, o Banco Mundial já tinha aprovado 31 Operações de Política de Desenvolvimento na África Subsaariana num montante superior a US$4,4 mil milhões fornecidos pela Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), e US$1 mil milhões fornecido pelo Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, em apoio a ações políticas para ajudar no processo de recuperação.

Garantir o futuro também envolve manter os serviços governamentais essenciais e a prestação de serviços, particularmente em nutrição e educação, assim como a construção de sistemas de saúde, água e saneamento. Os serviços de energia também são fundamentais no combate às pandemias - desde a alimentação das instalações de saúde e o fornecimento de água limpa para a higiene essencial, até à viabilização de comunicações e serviços de tecnologia da informação que liguem as pessoas, ao mesmo tempo que mantêm o distanciamento social. Estão em curso esforços para aumentar os investimentos em energia solar, eólica e outras fontes de energia sustentável e que serão fundamentais para garantir a recuperação económica.

Manter os serviços de educação é uma parte central da resposta do Banco. Na Serra Leoa, o governo foi capaz de lançar o Programa de Ensino pela Rádio como uma alternativa de ensino à distância, atingindo cerca de 1,4 milhões de crianças, incluindo 700.000 raparigas, e iniciou campanhas de sensibilização sobre a divulgação e prevenção da COVID-19, ações que respondam às questões de gênero e de regresso à escola. No Uganda, o projeto de resposta a COVID-19 fornece transporte para professores desde as suas casas para estações de rádio e vice-versa e recursos para os ajudar a preparar e ministrar aulas através da rádio e televisão.

Tendo em conta a demora da recuperação do comércio global, os países africanos precisam de promover o desenvolvimento de cadeias de valor regionais, enquanto vão construindo as bases e as capacidades necessárias para um envolvimento continental mais abrangente. A Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) tem uma importante função a desempenhar na redução dos custos de produção associados às tarifas, barreiras não tarifárias e problemas de facilitação do comércio. A AfCFTA também pode ajudar a organizar a produção em toda a região, a expandir o comércio intrarregional e construir resiliência ao longo das cadeias de abastecimento.  

O Grupo do Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) apelaram aos credores oficiais bilaterais que concedam uma suspensão da dívida aos países elegíveis para o financiamento da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)  – os países mais pobres do mundo – para ajudar a proporcionar um amortecedor para os seus esforços para responder à pandemia da COVID-19. Durante as Reuniões de Primavera de 2020, os Governadores do Banco Mundial e do FMI e os Ministros das Finanças do G7 e do G20 concordaram com a data de início de 1 de maio. Esta é uma parte importante da resposta global para atenuar o impacto da COVID-19 sobre as pessoas mais pobres e vulneráveis de África, e para assegurar que os governos têm os recursos para responder rápida e decisivamente para proteger vidas e os meios de subsistência. África pagou US$34,1 mil milhões em serviço da dívida total em 2019, dos quais US$10,4 mil milhões foram pagos aos credores bilaterais oficiais, de acordo com as Estatísticas da Dívida Internacional (IDS) do Banco Mundial. A 1 de abril de 2021, 30 países da ASS tinham solicitado a participação na Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI).

Com os impactos sociais e económicos da COVID-19 ainda a desenvolverem-se em toda a região, ter dados em tempo real para dar informações para as escolhas políticas é fundamental. O Banco está a aumentar a sua monitorização de alta frequência dos principais indicadores económicos e impactos sobre as empresas, as famílias e os preços dos alimentos, para ajudar os governos a monitorizar e responder eficazmente à crise.