A cada vez que as nuvens se avolumam sobre o céu de São Luís, o líder comunitário Carlos Magno e os vizinhos ficam em alerta. Para eles, chuva forte ainda é sinônimo de ruas e casas tomadas pela água. “No bairro do Coroado, onde moro, dá para andar de barco”, resume.
Essa não é uma preocupação exclusiva dos habitantes do Coroado: afeta aproximadamente 240 mil pessoas de 45 bairros da região conhecida como Bacia do Bacanga. Trata-se de uma área plana e baixa, facilmente alagável e cheia de moradias informais.
Na região, estima-se que 90% das famílias recebam de 1 a 2 salários mínimos por mês. Apenas 39% das pessoas têm acesso à rede de esgoto. E ele não é tratado.
Recuperação complexa
Para melhorar a vida dos moradores, uma iniciativa do Banco Mundial, da prefeitura de São Luís e do governo federal está financiando obras de drenagem (que minimiza os riscos de inundações), bem como de expansão da rede de água e esgoto.
Com esse trabalho, a meta para os próximos anos é que 80% dos habitantes da Bacia do Bacanga tenham acesso à rede de esgoto – e que, por sua vez, 80% desse material seja tratado.
“Essa é a primeira vez que a prefeitura de São Luís trabalha integrando saneamento, melhorias urbanas e controle de risco de enchentes”, explica Emanuela Monteiro, especialista em desenvolvimento urbano no Banco Mundial.
“O trabalho tem uma série de desafios, tanto do ponto de vista de saneamento quanto do social”, acrescenta Gustavo Marques, secretário de Projetos Especiais da prefeitura de São Luís. “É impossível tirarmos todo mundo que está nessas áreas e fazer tudo de novo”.