COMUNICADO À IMPRENSA

Apesar da persistente volatilidade global, América Latina e Caribe estão preparados para crescer

18 de abril de 2012




  • Fluxos de capital de portfólio aumentaram oito vezes entre o início de 2011 e 2012
  • Contínua desaceleração na Europa e lenta recuperação nos EUA
  • Provável retração econômica na China e/ou queda nos preços das commodities 

WASHINGTON, 18 de abril de 2012 – Os países da América Latina e do Caribe se veem forçados a enfrentar a nova realidade global de persistente volatilidade resultante, entre outras coisas, de uma ampla flutuação dos fluxos de capital em busca de lucro fácil e pouco preocupados com as perspectivas de longo prazo, segundo o relatório semestral elaborado pelo Escritório do Economista Chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe (ALC), divulgado hoje em Washington.
 
O relatório "Latin America Copes with Volatility, The Dark Side of Globalization" (A América Latina enfrenta a volatilidade, o lado negro da globalização) mostra que houve um aumento repentino nos fluxos de capital de portfólio para a região nos primeiros meses de 2012. Investimentos de fundos mútuos nos sete maiores países da ALC – que haviam apresentado uma queda acentuada durante a segunda metade de 2011 – aumentaram oito vezes em janeiro e fevereiro de 2012, comparado à média mensal de fluxos do mesmo período do ano passado. 
 
A  magnitude desses fluxos é tamanha que se a Vanguard, uma das muitas empresas internacionais administradoras de ativos, decidisse  transferir um por cento de seus fundos mútuos para a Colômbia,  esse montante de fluxo de capital corresponderia a 6% do PIB do país, segundo explica o relatório.
 
“O problema é que esse tipo de fluxo de capital com base no mercado, ao contrário dos baseados nos bancos, não contribuiu para o aumento da estabilidade financeira – como muitos esperavam inicialmente. Ao contrário, os fluxos de portfólio financeiros atuais que entram e saem das economias emergentes tendem a ser pró-cíclicos e parecem responder cada vez mais a fatores globais do que a fatores específicos dos países”, disse Augusto de la Torre, Economista Chefe do Banco Mundial para a região. “A intermediação financeira internacional tende para um comportamento de manada focado no horizonte de curto prazo, no qual a possibilidade de uma saída rápida prevalece sobre uma análise cuidadosa das perspectivas de longo prazo.”
 
Uma opção atrativa para os investidores estrangeiros, a região da ALC vem crescendo e ganhando força há mais de uma década. As previsões de crescimento atuais para a região se situam entre 3,5% e 4% em 2012 e 2013, acima dos percentuais do Leste Europeu e da Ásia Central, e semelhantes às cifras do Leste Asiático. Espera-se que as  taxas de inflação fiquem entre 6% e 6,5% este ano.
 
No entanto, mesmo as regiões que parecem ocupar uma sólida posição, como a ALC, devem aprender a lidar com a volatilidade externa, especialmente se desejam manter e ampliar seus avanços recentes. Por essa razão, é essencial compreender melhor a natureza desse desafio sem precedentes imposto pela integração financeira atual.
 
O relatório avalia a vulnerabilidade dos países da América Latina e do Caribe com base em três tipos de choques externos:

  • Uma desaceleração na Europa e uma lenta recuperação nos EUA,
  • Uma retração econômica na China e/ou queda nos preços das commodities e;
  • Um aumento da aversão a risco nos mercados financeiros internacionais.

“No mundo financeiro de hoje, uma maior integração significa uma maior  exposição à volatilidade,  mas não necessariamente uma maior  vulnerabilidade. O risco não é o quão exposto um país está, mas sim, e  mais importante, qual é sua capacidade de enfrentar essa imprevisibilidade”, afirmou De la Torre. “Vários países da América Latina estão vulneráveis à desaceleração econômica nos EUA, na Europa e na China e a uma redução nos preços das commodities e nos investimentos. No entanto,  graças ao fato de os formuladores de políticas nesses países disporem de um espaço de manobra, o seu nível de vulnerabilidade se mantém baixo.”
 
De acordo com o relatório, países como Brasil, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru e Uruguai estão muito expostos aos choques externos, mas mostram uma vulnerabilidade relativamente baixa. Esses países  contam com amplas reservas externas e taxas de câmbio flexíveis que ajudam a absorver os choques. Eles também têm a capacidade de resposta em várias frentes, incluindo as fiscal, monetária e macroprudencial. Essa última, que ganhou força após a crise econômica de 2008/09, está associada a medidas que visam amortecer flutuações financeiras excessivas e aumentar a resistência dos sistemas financeiros perante elas. Instrumentos de políticas macroprudenciais incluem requisitos de liquidez, relação entre o valor do empréstimo e a garantia do investimento e taxação ao aumento excessive  de  fluxos de  de capital de curto prazo.
 
Por outro lado, existem países como a Venezuela e o Equador, que estão mais expostos majoritariamente à flutuação dos preços do petróleo e altamente vulneráveis. Os formuladores de políticas dessas nações claramente se beneficiariam de reformas orientadas a abrir uma maior margem de manobra, particularmente por meio de amortizadores fiscais. A maioria dos países de língua  inglesa do Caribe está muito exposta à volatilidade externa e é altamente vulnerável, visto que seu espaço de manobra está severamente limitado pelo tamanho e  pela abertura de suas nações, assim como pelos seus altos níveis de endividamento.
 
Em uma posição mais ou menos média se situam os outros países da ALC, com significativos níveis de exposição a flutuações externas , mas vulnerabilidade moderada.  No caso desses países,  pequenas melhorias em suas políticas monetária, fiscal e macroprudencial poderão produzir grandes benefícios com vistas à redução da sua vulnerabilidade aos choques externos, indica o relatório.
 
O relatório destaca ainda que o crescente papel da indústria internacional de gestão de ativos, em particular os fundos mútuos, fundos de pensão e hedge funds, soma-se às complexidades da globalização financeira atual.  Essa indústria está se transformando no principal canal para os movimentos transfronteiriços de capital, substituindo os bancos.
 
Em momentos de muita incerteza e alta aversão ao risco, mesmo os países bem administrados com um sólido conjunto de políticas são tão vulneráveis como qualquer outro aos caprichos desses investidores, de acordo com o relatório.  No entanto, quando as tensões diminuem, esses países estão em melhores condições para se recuperar  rapidamente  e para colher os benefícios da integração global para o crescimento de longo prazo com a equidade social.

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Em Washington
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COMUNICADO À IMPRENSA Nº
2012/402/LAC

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