REPORTAGEM

Pernambuco, Brasil: elas eram as piores escolas do estado. Hoje, conseguem dar o exemplo

21 de dezembro de 2012


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Na Escola Maria Gayão, em Araçoiaba, as salas de aula ganharam reforma. O projeto ainda apoiou a construção de uma biblioteca, um laboratório de informática e um refeitório.

Mariana Ceratti / Banco Mundial.

DESTAQUES DO ARTIGO
  • Nas escolas públicas do estado, um projeto do Banco Mundial ajudou a melhorar os padrões de qualidade da infraestrutura e do ensino.
  • A iniciativa se concentrou nas escolas com o pior desempenho. Desde 2009, 159 foram beneficiadas. Mais 62 participarão até 2014.
  • A história de sucesso de Pernambuco já inspira outros estados a melhorarem os próprios sistemas de ensino.

“Cor-de-rosa
É o voo do flamingo
O miolo do figo,
As tardes de domingo
O leite com groselha
A gola desbotada
De uma camisa
Vermelha e velha

Cor-de-rosa
É cor de doce
E doce seria
Se cor
Não fosse.”
(Cor-de-rosa, dos poetas Lalau and Laurabeatriz)

Araçoiaba, a 40km de Recife, é uma das cidades mais pobres de Pernambuco. Cerca de 85% dos 18 mil habitantes vivem com menos de US$ 2 ao dia. Além disso, 80% das crianças vivem na zona rural – e não raro têm de ajudar os pais no campo.

Ainda assim, quando as salas de aula se abrem na Escola Maria Gayão, os alunos recebem os visitantes com versos (como os acima) e sorrisos. É a única escola de ensino médio na cidade. “Gosto de estudar aqui porque os professores são muito legais. Tratam a gente como família”, diz Aleson Mota, 17 anos, que frequentemente chega mais cedo para estudar na biblioteca e ver os amigos.

Essa biblioteca – um orgulho da comunidade – foi desenvolvida com o apoio de um projeto do Banco Mundial que ajudou a criar padrões de qualidade para as escolas de Pernambuco. A escola ainda ganhou um refeitório e um laboratório de informática. Para completar, as salas de aula, os banheiros e o mobiliário foram melhorados.

“Os alunos ajudam a manter a escola em ordem por saber que ela é uma das poucas esperanças de uma vida melhor”, avalia o diretor Claudivan Claudiano. Atualmente, 1.645 estudantes (do 5º ano do fundamental ao 3º do ensino médio) estão matriculados. 


" É importante escutar o aluno sempre. Muitos deles não têm nenhum apoio emocional em casa.  "

Silvano Araújo

Professor de português na Escola Maria Gayão em Araçoiaba, Pernambuco

Reduzindo a evasão escolar

Desde 2009, a iniciativa busca melhorar não só as instalações, mas também o gerenciamento das escolas e as notas dos alunos em português e matemática. Hoje 159 instituições de ensino são beneficiadas. Mais 62 serão integradas ao projeto até 2014.

“Quando a infraestrutura e a qualidade do ensino melhoram, escolas como a Maria Gayão tornam-se o centro da vida comunitária”, comenta a pernambucana e especialista em educação Madalena Santos, do Banco Mundial.

“Foram escolhidas as escolas estaduais com os piores indicadores”, conta Shirley Moura, coordenadora do projeto no governo de Pernambuco. Agora, um certificado anual é dado àquelas que combatem o vandalismo, põem as contas em dia, mantêm os professores e evitam a evasão escolar.

Esse último tema é uma das principais preocupações em cidades como Araçoiaba. Para manter os alunos motivados e tentar resolver o problema, os professores trabalham com poesias, músicas e vídeos.

Além disso, tornam as aulas mais interativas por meio de tablets com softwares educativos (ambos oferecidos pelo governo do estado). “A turma se empolga quando uso esses recursos”, relata o professor de português Silvano Araújo, que ensina há cinco anos na Maria Gayão.

“Outra coisa importante é escutar o aluno sempre. Muitos deles não têm nenhum apoio emocional em casa”, ele acrescenta.

Inspirando outros estados

O esforço de professores como ele já está rendendo frutos: desde 2009, o percentual de alunos cujo desempenho estava abaixo da média baixou de 45.4% para 26.3%. A escola também superou, em 2011, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) projetado pelo Ministério da Educação para aquele ano. 

“As escolas beneficiadas pelo projeto dão um exemplo às instituições em outros estados”, analisa Madalena Santos. “Os governos de Alagoas e Rio Grande do Norte, por exemplo, já buscam inspiração no caso de Pernambuco para melhorar os próprios sistemas de ensino.”


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