REPORTAGEM

Retomar o Combate às Doenças Tropicais Negligenciadas em África

17 de novembro de 2012


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WASHINGTON DC, 17 de novembro de 2012— Recorrendo aos sistemas comunitários de saúde para fornecer tratamentos doados pelo setor privado, mais de 80 milhões de pessoas ao ano estão agora protegidas contra a cegueira dos rios em África. O combate a esta doença, que causa tanto sofrimento e possível perda de visão, foi um dos primeiros esforços do Banco Mundial na área da saúde, em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outros parceiros. 

A cegueira dos rios, cujo nome provém da forma como a doença é transmitida – através de moscas que se reproduzem nos rios de caudal rápido – está controlada em grandes partes da África Ocidental, permitindo o regresso das famílias a 25 milhões de hectares de terra arável, suficiente para cultivar produtos agrícolas capazes de alimentar 17 milhões de pessoas. A doença foi eliminada em várias áreas endémicas, incluindo zonas de transmissão no Senegal e algumas áreas do Mali, onde a medicamentação preventiva deixou de ser necessária. 

Inspirando-se naquilo que deu certo neste esforço e utilizando o mesmo sistema, o Banco Mundial e muitos outros parceiros estão presentemente a trabalhar para voltar a enfrentar a totalidade das sete principais doenças tropicais negligenciadas (DTN) e que podem ser evitadas com medicamentação (cegueira dos rios, elefantíase, tracoma, lombrigas, ancilóstomos, tricurídeos e bilharziose) mas que continuam a ser um risco para centenas de milhões de pessoas pobres no continente africano. 

“Centenas de milhões de crianças e adultos em África correm o risco de desfiguração, anomalias no desenvolvimento, cegueira e até mesmo morte causado pelas sete principais doenças evitáveis, conhecidas por doenças tropicais negligenciadas, que incluem a cegueira dos rios, elefantíase, tracoma e vários tipos de parasitas intestinais”, afirmou o Presidente do Banco Mundial Jim Yong Kim na abertura da conferência em Washington, DC de 16 a 18 de Novembro, intitulada Unidos no Combate às DTN: Traduzir a Declaração de Londres em Ações. “ Não se trata de estas doenças terem realmente sido negligenciadas. Trata-se sim de terem sido negligenciadas as pessoas que padecem destas doenças” afirmou Dr. Kim. “Proteger as populações pobres de doenças evitáveis, que causam um profundo sofrimento, continua a ser o âmago da nossa missão de erradicação da pobreza e de estímulo à prosperidade partilhada”. 

Um elemento chave -chave deste esforço alargado é o reforço dos sistemas comunitários de saúde nos países endémicos, através de estratégias nacionais de saúde que visam oferecer a todos os cidadãos serviços de saúde de boa qualidade.

Convocada pela Fundação Bill & Melinda Gates, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, Banco Mundial e Organização Mundial de Saúde, a Conferência de Washington é uma sequência da reunião de Londres em Janeiro de 2012. Nessa reunião, o setor privado, organizações da sociedade civil, parceiros de desenvolvimento e especialistas em saúde definiram uma visão comum para controlar ou eliminar as 10 principais doenças tropicais negligenciadas e evitáveis.

“É inspirador ver tantos parceiros de diversos setores a unirem-se para concretizarem os compromissos assumidos na Declaração de Londres e avançarem com o desenvolvimento de um plano de ação”, afirmou o Dr. Lance Gordon, Diretor de Doenças Infeciosas Negligenciadas da Fundação Bill & Melinda Gates. “Trabalhando em conjunto, é-nos possível entregar os medicamentos de que dispomos e acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos tão urgentemente necessários – com o potencial de beneficiar centenas de milhões de pessoas afetadas pelas DTN em todo o mundo”. 

Na reunião de Londres em Janeiro, várias empresas farmacêuticas prometeram doar tratamentos gratuitos para proteger as populações de África contra quase todas as principais doenças tropicais negligenciadas mas que podem ser evitadas. Uma dessas empresas é a Merck & Co Inc. que, nos últimos 25 anos doou Mectizan®, um tratamento preventivo da cegueira dos rios.

“Este ano a Merck está a comemorar o 25º aniversário do Programa de Doação de Mectizan® e o progresso registado na eliminação de duas doenças negligenciadas: a oncocercose (cegueira dos rios) e a filariose linfática”, referiu Robert McMahon, Vice-presidente da Merck & Co. “Embora as companhias farmacêuticas descubram, desenvolvam e doem medicamentos, é necessário que estejam em funcionamento mecanismos de distribuição e financiamento para fazer chegar os medicamentos às pessoas que precisam deles.”

Uma rede de mais de 15 organizações da sociedade civil também teve um papel muito importante nos serviços de nível comunitário de luta contra estas doenças. A organização de desenvolvimento Sightsavers, por exemplo, trabalha para proteger as pessoas da cegueira dos rios e do tracoma em África. 

Falando na abertura da conferência de Washington em 16 de Novembro, Sua Alteza Real a Princesa Alexandra, Presidente de Sightsavers, disse: “1 400 milhões dos mais pobres do mundo são afetados por estas doenças debilitantes mas facilmente evitáveis e Sightsavers é uma das muitas organizações representadas aqui, esta noite, a colaborar com parceiros para cada ano ajudar estas pessoas ”.

O atual Fundo Fiduciário do Programa Africano para Controlo da Oncocercose (cegueira dos rios) (APOC) tem sido gerido pelo Banco Mundial desde 1995, estando a execução do programa a cargo da OMS. O Conselho do APOC, que é composto pelos Ministros da Saúde dos países endémicos, decidiu prolongar a vida e o objetivo deste fundo fiduciário até 2025 para ajudar a responder a todas as doenças tropicais negligenciadas e evitáveis.

Em África em geral e no Burundi em particular aderimos plenamente à Declaração de Londres, que contribui de forma muito significativa para a nossa luta destinada a romper o círculo vicioso de pobreza, doença e pobreza, através da eliminação e erradicação das DTN, afirmou a Drª Sabine Ntakarutimana, Ministra da Saúde e Bem-Estar Social do Burundi. Na verdade, acreditamos sinceramente que a ausência de DTN é um direito humano, é equidade e é igualdade.


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