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Africa’s Pulse: Empresas da África Subsaariana abraçam a economia digital, chave para a recuperação económica pós-pandemia

DESTAQUES DO ARTIGO

  • A mais recente análise económica do Banco Mundial para a África Subsariana mostra que os países africanos não estão a desperdiçar a oportunidade da crise da COVID-19, estão a adotar cada vez mais tecnologias digitais para aumentar a produtividade nos empregos atuais, e aumentar as oportunidades de emprego, particularmente para as mulheres e os jovens
  • Para desbloquear todos os benefícios de uma economia digital, o relatório recomenda políticas que acompanhem os investimentos em infraestruturas digitais, tais como um quadro regulamentar que fomente a competitividade e a inovação nas telecomunicações, o fornecimento de eletricidade fiável e acessível, o investimento na educação e a atualização das competências dos trabalhadores informais
  • O relatório também prevê que a recessão induzida pela COVID-19 seja menos severa do que anteriormente previsto, no entanto, a recuperação económica variará significativamente entre países e sub-regiões.


WASHINGTON, 31 de março de 2021 – A pandemia da COVID-19 (coronavírus) aumentou a consciência da importância das tecnologias digitais, e muitos países da África Subsaariana estão a aproveitar a oportunidade para criar condições para novos empregos, que sejam melhores e mais inclusivos.

O mais recente Africa’s Pulse, o futuro do trabalho em África: Tendências emergentes na adoção da tecnologia digital, diz que nesta altura em que a região olha para a recuperação económica, a tecnologia digital não só tem potencial para criar novos empregos, como também pode ajudar a aumentar a produtividade dos já existentes. O Pulse também aponta para a acumulação de provas que mostram que grandes aumentos no número de empregos têm como resultando melhores oportunidades de emprego tanto para trabalhadores com baixas e altas qualificações, como para grupos vulneráveis, tais como mulheres e jovens.  

"Estou convencido do poder das tecnologias digitas para transformar o futuro de África, e aplaudimos os países que já estão a fazer os investimentos necessários e reformas inovadoras", disse Hafez Ghanem, Vice-Presidente do Banco Mundial para a África Oriental e Austral. "Isto não só criará novos empregos, como melhorará os empregos que as pessoas já têm, e permitirá que mais pessoas trabalhem, ganhem, e sustentem as suas famílias e comunidades".

Para aproveitar todo o potencial das tecnologias digitais e tirar partido da energia e ideias de uma população jovem e dinâmica, o relatório recomenda que os governos africanos, os parceiros de desenvolvimento e o sector privado deem prioridade às infraestruturas digitais, invistam em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e melhorem as competências dos trabalhadores para fazer progredir o capital humano.

"Para que o continente dê um salto em frente e fazer com que a economia digital seja mais inclusiva, serão necessárias políticas relevantes para garantir uma conectividade rápida, acessível e fiável. Isto será um aspeto fundamental para aumentar a produtividade e melhorar o emprego e os salários de homens e mulheres no sector formal e informal", disse Ousmane Diagana, Vice-Presidente do Banco Mundial para a África Ocidental e Central. “Para que os países avancem, a criação de empregos, a conectividade digital e as competências terão de estar no centro da ação política e da resposta do sector privado".

O relatório refere que o emprego entre as empresas informais que utilizam soluções de gestão digital foi 1,6 vezes superior ao das que não utilizam essas soluções. Além disso, o salário médio das empresas que utilizam tecnologias de transação digital era 1,5 a 2,4 vezes superior ao das que não as utilizam.

As tecnologias digitais e o emprego na África Subsaariana durante a pandemia da COVID-19

O relatório revela que das empresas da África Subsaariana inquiridas em 18 países, 22% já iniciaram ou aumentaram a sua utilização de plataformas digitais, meios de comunicação social e Internet com resposta à pandemia. Dezassete por cento das empresas investiram em novos equipamentos, software, ou soluções digitais.

Nos níveis mais altos, a utilização de plataformas digitais foi mais elevada no Togo (43%) e na África do Sul (51%).

 

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Fonte: Davies et al. 2021. Nota: Os valores indicam as probabilidades médias ajustadas de iniciar ou aumentar a utilização de tecnologias digitais (maior utilização da Internet, meios de comunicação social online, aplicações especializadas, ou plataformas digitais), calculadas a partir de uma regressão probit que controlou para o país, a dimensão da empresa, o sector, e o calendário do inquérito. Os cálculos utilizados foram ponderados em relação ao inverso do número de observações por país e excluiu países para os quais a fração de valores em falta na variável dependente excedeu 60%. As barras representam intervalos de confiança de 95%.

 

O relatório também mostra que as empresas em sectores com uma maior percentagem de tarefas/empregos que podem ser executados a partir de casa tinham mais probabilidades de ter aumentado a sua utilização de plataformas digitais nos seus negócios. Por exemplo, as empresas da África Subsaariana de serviços financeiros e de TIC eram as mais suscetíveis de utilizar plataformas digitais em resposta ao choque pandémico (40 e 39%, respetivamente). Mais de um quarto das empresas de comércio a retalho e grossista iniciaram ou aumentaram a sua utilização de plataformas digitais. O crescimento foi particularmente notório no comércio eletrónico. Por exemplo, a plataforma africana Jumia registou um aumento de mais de 50%, de 3,1 milhões para 4,7 milhões, no volume de transações durante os primeiros seis meses de 2020, em comparação com o mesmo período em 2019. Finalmente, as empresas no sector da agricultura, construção, serviços de alojamento e manufatura foram menos propensas a expandir a sua utilização de plataformas digitais (menos de 20%).

 

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Fonte: Davies et al. 2021. Nota: Os valores indicam as probabilidades médias ajustadas de iniciar ou aumentar a utilização de tecnologias digitais (maior utilização da Internet, meios de comunicação social online, aplicações especializadas, ou plataformas digitais), calculadas a partir de uma regressão probit que controlou para o país, a dimensão da empresa, o sector, e o calendário do inquérito. Os cálculos utilizados foram ponderados em relação ao inverso do número de observações por país e excluíram países para os quais a fração de valores em falta na variável dependente excedeu 60%. As barras representam intervalos de confiança de 95%.

 

Além disso, o relatório analisou se os países da África Subsaariana estão prontos para tirar partido das oportunidades digitais. Estudos empíricos avaliam a disponibilidade da Internet em cinco dimensões: estratégia nacional de TIC, ambiente empresarial, infraestruturas, capital financeiro, e base de competências em TIC. Os dados mostram que todos os países da região, exceto a África do Sul, têm pontuações baixas na sua prontidão da base de competências em TIC para aproveitar as oportunidades na Internet (inferior a 30). Além disso, a base de competências em TIC é a dimensão com o desempenho mais fraco em todos os países da região.

 

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Fonte: Cálculos do Banco Mundial baseados em Manyika et al. 2013. Nota: Cada variável é um índice composto com uma pontuação entre 0 e 100. TIC = Tecnologias da Informação e das Comunicações

 

Perspetiva Económica

O Pulse prevê que a recessão induzida pela COVID-19 será menos severa do que anteriormente previsto, Imagecom uma contração da atividade económica de 2,0% em 2020 - o limite inferior do intervalo de previsão feita em abril de 2020 - principalmente devido a uma propagação mais lenta do vírus e a uma menor mortalidade da COVID-19, a um forte crescimento agrícola e a uma recuperação mais rápida do que previsto dos preços das mercadorias. O Africa’s Pulse aponta para uma recuperação potencialmente forte e variada nos próximos anos, se os países aprofundarem reformas que incentivem o investimento, criem empregos e aumentem a competitividade. Em 2021, na altura em que a região enfrenta uma segunda vaga de infeções de COVID-19 - alimentadas por variantes novas e mais transmissíveis e uma adesão mais relaxada aos protocolos básicos de saúde - e uma lenta implementação dos programas de vacinação, estes investimentos serão especialmente críticos e devem ter um grande alcance.

"As pessoas mais pobres de África, os trabalhadores do sector informal, as mulheres e os jovens estão a sofrer desproporcionalmente com as oportunidades reduzidas e o acesso desigual às redes de segurança durante a crise", disse Albert Zeufack, Economista-Chefe para África do Banco Mundial. "À medida que os países africanos continuam a investir para manter as suas economias a funcionar e proteger as vidas e os meios de subsistência do seu povo, será fundamental assegurar que todos os segmentos da população sejam incluídos".   

Espera-se que a atividade económica na região seja reforçada à medida que os países atuam para conter novas vagas da pandemia e acelerar o lançamento das campanhas de vacinação. Prevê-se um crescimento na região entre [2,3]% e [3,4]% em 2021, dependendo das medidas políticas adotadas pelos países da região e pela comunidade internacional.

Prevê-se que a recuperação da África Subsaariana seja significativamente variável entre países. Espera-se que o crescimento recupere para 1,4% na Nigéria, 3,0% na África do Sul, e 0,9% em Angola. Excluindo a Nigéria, a África do Sul e Angola, prevê-se que a atividade se expanda a um ritmo mais sólido no resto da região. Países não intensivos em termos de recursos, como a Costa do Marfim e o Quénia, e economias dependentes das atividades mineiras, como o Botswana e a Guiné, deverão apresentar um crescimento robusto em 2021, impulsionado por uma recuperação do consumo privado e do investimento à medida que a confiança se reforça e as exportações aumentam.

Na África Oriental e Austral, a contração do crescimento para 2020 está estimada em -3,0%, impulsionada principalmente pela África do Sul e Angola, as maiores economias da região. Prevê-se que a sub-região tenha uma expansão de 2,5% em 2021, e de 3,3% em 2022. Excluindo Angola e a África do Sul, a atividade económica na sub-região deverá registar uma expansão de 2,6% em 2021, e de 4,0% em 2022, O atraso no lançamento das campanhas de vacinação e as modestas perspetivas de crescimento na África do Sul e em Angola, devido à persistência de constrangimentos estruturais, pesarão sobre a recuperação da sub-região.

Prevê-se que após a contração de 1,1% em 2020, o produto interno bruto na África Ocidental e Central cresça 2,1% em 2021 e 3,0% em 2022. As reduzidas perspetivas de crescimento da Nigéria e a lenta implementação das campanhas de vacinação pesarão nas perspetivas económicas da sub-região. Excluindo a Nigéria, o crescimento na sub-região deverá recuperar para 3,1% em 2021, após uma contração modesta em 2020, e aumentar para 4,3% em 2022. Prevê-se que os exportadores de metais e os países não-ricos em recursos impulsionem a recuperação.