PRAIA, 23 de Junho de 2025 – A economia de Cabo Verde continua numa trajetória sólida de recuperação, segundo a mais recente edição da Atualização Económica de Cabo Verde 2025, publicada hoje pelo Grupo Banco Mundial. O PIB real do país cresceu 7,3% em 2024, impulsionado por uma forte atividade turística e por uma recuperação moderada da agricultura. Contudo, apesar dos progressos assinaláveis – nomeadamente na gestão macroeconómica, na redução do rácio de endividamento e na diminuição da pobreza – persistem vulnerabilidades importantes, como a dependência do turismo, a exposição a choques externos e as pressões fiscais provenientes das empresas públicas.
O relatório, intitulado “Desbloquear o Potencial Económico das Mulheres”, analisa as projeções de crescimento económico do país, destaca os avanços no combate à pobreza e apresenta as reformas estruturais necessárias para assegurar um crescimento sustentado e inclusivo. Inclui ainda uma secção especial dedicada à valorização do potencial económico das mulheres.
“A recuperação de Cabo Verde é um testemunho da resiliência do seu povo e das suas instituições. Mas, para transformar esta retoma numa prosperidade duradoura e inclusiva, são necessárias reformas ousadas – em particular, para melhorar a governação das empresas públicas, apoiar a participação económica das mulheres e diversificar a economia”, afirmou Indira Campos, Representante Residente do Banco Mundial em Cabo Verde.
O relatório refere que a inflação caiu para 1% em 2024 – o valor mais baixo dos últimos anos – o que contribuiu para a redução da pobreza para 14,4% (linha de pobreza de $3,65 por dia, em paridade do poder de compra de 2017). A execução do investimento público aumentou, os níveis de endividamento continuaram a descer e a balança corrente registou um excedente pela primeira vez em quatro anos.
Para 2025, prevê-se um crescimento real do PIB em 5,9%, acompanhado de uma redução contínua da pobreza. No entanto, o relatório alerta que as incertezas globais, os choques nos preços das matérias-primas e os riscos climáticos poderão afetar o ritmo do crescimento e das reformas. Entre as recomendações apresentadas, o relatório sublinha a necessidade de acelerar os esforços para melhorar o desempenho das empresas públicas, agir com prudência na criação de novas entidades e manter a disciplina orçamental, ao mesmo tempo que se investe em iniciativas de elevado impacto.
O relatório realça também a necessidade urgente de implementar políticas que assegurem um crescimento inclusivo. Apesar dos progressos nas áreas da educação e da saúde, as mulheres cabo-verdianas continuam a enfrentar barreiras no mercado de trabalho. O relatório indica que eliminar as desigualdades de género no emprego e nos rendimentos poderá aumentar o PIB em até 12,2% a longo prazo.
Para atingir este objetivo, o relatório recomenda:
- Alargar o acesso a serviços de cuidados infantis e a regimes de trabalho flexível;
- Promover as competências das mulheres nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), bem como no ensino técnico e na formação profissional;
- Combater a discriminação no local de trabalho e transformar as normas sociais.
“Ao alinhar os esforços de reforma com políticas inclusivas, Cabo Verde tem uma oportunidade única para reforçar a resiliência, capacitar mais cidadãos – especialmente mulheres – e construir um futuro mais sustentável e mais justo”, afirmou Anna Carlotta Massingue, Economista Principal para Cabo Verde.