Publicação

Inabitável: Enfrentando o Calor Urbano Extremo na América Latina e no Caribe

Inabitável : Enfrentando o Calor Urbano Extremo na América Latina e no Caribe

Inabitável : Enfrentando o Calor Urbano Extremo na América Latina e no Caribe

Grupo Banco Mundial

Baixe o relatório.

América Latina e o Caribe enfrentam uma nova realidade climática: temperaturas em elevação, ondas de calor mais frequentes e recordes históricos. O número de dias extremamente quentes, aqueles acima de 35°C, está aumentando. Estima-se que as cidades enfrentarão entre 66 e 116 dias adicionais de calor por ano até o final do século. Essa mudança já está cobrando seu preço: a mortalidade relacionada ao calor aumentou 140% nas últimas duas décadas e, apenas em 2023, estima-se que 48.000 idosos morreram prematuramente por causas associadas ao calor.

O relatório do Banco Mundial Inabitável: Enfrentando o Calor Urbano Extremo na América Latina e no Caribe alerta que as mudanças climáticas, combinadas com o efeito de ilha de calor urbana, estão intensificando os riscos térmicos em uma das regiões mais urbanizadas do mundo, onde 82% da população deve viver em cidades até 2025. Milhões de moradores vivem em habitações precárias, com pouco isolamento térmico e acesso limitado a meios de refrigeração.

O relatório analisa as projeções de aumento de temperatura e seus impactos sobre a saúde, a infraestrutura e as economias urbanas. Também propõe ações urgentes para mitigar os efeitos do calor, proteger os mais vulneráveis e fortalecer a resiliência climática das cidades em toda a região.

Principais conclusões

  • As cidades da região estão ficando mais quentes. As temperaturas estão aumentando em todas as zonas climáticas, e as máximas diárias urbanas devem subir entre 2,3°C e 2,7°C até o final do século. O Caribe e a Bacia Amazônica estarão entre as áreas mais afetadas.
  • O calor urbano é mortal e desigual. Ele causa dezenas de milhares de mortes por ano e afeta de forma desproporcional idosos e grupos vulneráveis. As famílias de baixa renda são as mais expostas, muitas vezes vivendo em bairros com pouca vegetação, moradias de baixa qualidade e opções de mobilidade limitadas ao transporte público ou à caminhada.
  • A infraestrutura e os serviços não estão preparados. Redes elétricas, sistemas de transporte, habitação e escolas não foram projetados para o calor extremo, resultando em apagões, falhas nos serviços, interrupções no aprendizado e desconforto térmico generalizado.
  • O calor urbano ameaça a prosperidade. O calor extremo reduz a produtividade do trabalho, aumenta os custos de saúde e já está desacelerando a atividade econômica em muitas cidades. Há perdas projetadas de PIB que podem chegar a 5% ou mais nas principais áreas urbanas nas próximas décadas.

Hora de agir

  • As soluções existem e as cidades já estão avançando. Muitas estão investindo em resiliência ao calor, desde a ampliação de áreas verdes até a adaptação das moradias. Ampliar essas iniciativas pode salvar vidas, proteger economias e gerar novas oportunidades de trabalho decente.
  • O trabalho deve fazer parte da solução. Até 70% dos trabalhadores na América Latina e no Caribe estão expostos ao calor extremo. Fortalecer os padrões de saúde e segurança ocupacional, os sistemas de proteção social adaptativos e os sistemas de alerta precoce baseados em impacto pode salvar vidas, proteger rendas e garantir que os investimentos em resiliência também gerem empregos de qualidade.
  • Projetar espaços urbanos mais frescos. Expandir a arborização, criar corredores e parques sombreados, reformar edifícios com telhados verdes ou reflexivos e aplicar princípios de design passivo para melhorar a ventilação e reduzir o calor interno.
  • Fortalecer os serviços públicos e promover habitação resiliente. Modernizar redes elétricas, sistemas de água, escolas, transporte e habitação acessível para resistirem a longas ondas de calor, garantindo a continuidade dos serviços e condições seguras de vida.

Baixe o relatório

 

O calor extremo urbano não é mais uma preocupação distante — é uma crise presente. Historicamente, as cidades da região têm sido protegidas pela altitude, pelas brisas marítimas e pela sabedoria de séculos de planejamento urbano. No entanto, à medida que as temperaturas globais aumentam, essas defesas estão se deteriorando rapidamente.
Marcela Silva
Diretora Regional de Infraestrutura para a América Latina e Caribe

*O presente relatório foi elaborado por uma equipe coordenada por Carina Lakovits e Paula Restrepo Cadavid, e financiado pelo Fundo Global para Redução e Recuperação de Desastres (GFDRR, sigla em inglês). 

The World Bank