Angola possui um potencial económico significativo, sendo rica em recursos naturais, com vastas terras aráveis não cultivadas, condições climáticas favoráveis e uma localização estratégica. Com metade da população com menos de 18 anos, Angola também apresenta um grande potencial de dividendo demográfico. Para desbloquear esse potencial, é necessário enfrentar restrições estruturais e reduzir a dependência do petróleo.

O petróleo representa cerca de 20% do PIB, 60% das receitas fiscais do governo e 95% das exportações. Esta dependência tem alimentado a volatilidade, uma vez que o crescimento tem acompanhado de perto os preços globais do petróleo. Após uma recessão entre 2016 e 2020, o crescimento retomou em 2021, mas em 2024 o rendimento per capita permaneceu 24% abaixo do seu nível de 2014. Em 2018, estimava-se que 39% da população vivia abaixo da linha internacional de pobreza, e o índice de Gini de Angola estava entre os mais elevados.

O governo implementou reformas para reforçar a estabilidade macroeconómica e promover a diversificação económica. Os excedentes fiscais primários desde 2018 ajudaram a reduzir a dívida pública, que passou de 116% do PIB em 2020 para menos de 59% em 2024.

O crescimento fortaleceu-se para 4,4% em 2024, liderado pelo petróleo e apoiado por sectores não petrolíferos, como os diamantes, o comércio e as pescas. A taxa de desemprego caiu de 32,3% no segundo trimestre de 2024 para 28,8% no segundo trimestre de 2025, embora 80% dos empregos permaneçam informais. Em 2024, o saldo da conta corrente situou-se acima de 5% do PIB, com reservas suficientes para cobrir mais de oito meses de importações, embora o investimento directo estrangeiro continue fraco. A inflação, embora em desaceleração, permaneceu elevada, atingindo quase 20% em meados de 2025.

Prevê-se que o crescimento modere: o PIB real deverá desacelerar para 2,3% em 2025 e atingir uma média de 2,7% entre 2026 e 2027. A inflação deverá permanecer elevada em 2025 e diminuir gradualmente a médio prazo. A dívida pública deverá estabilizar em cerca de 63% do PIB e os saldos externos deverão permanecer sólidos, se apoiados por reservas adequadas e flexibilidade cambial. A sustentabilidade das reformas e a diversificação económica, o investimento em capital

humano e o reforço da protecção social ajudarão a traduzir o crescimento em redução da pobreza e criação de emprego.

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