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infográfico 17 de outubro de 2018

Brasil: O desfile mais estranho da história

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No Dia Mundial da Erradicação da Pobreza, a recriação gráfica de um famoso tratado econômico mostra o quanto ainda é preciso avançar para dar melhores condições de vida à população

Em 1971, o economista holandês Jan Pen publicou um célebre tratado sobre a distribuição de renda no Reino Unido, no qual descreveu um desfile reunindo das pessoas mais pobres, na abertura, às mais ricas, no fim. Daí surgiu o termo “O Desfile de Pen”. Mais recentemente, há duas semanas, um estudo do economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe propôs o mesmo exercício para o Brasil, colocando na Sapucaí “o desfile mais estranho da história”.

“Por muito tempo, só se veriam pessoas incrivelmente pequenas (apenas alguns centímetros de altura), um incrível desfile de anões. Levaria mais de 45 minutos para os participantes alcançarem a mesma altura que os espectadores. Nos minutos finais, gigantes incríveis, mais altos do que montanhas, apareceriam”, descreve o relatório. O encerramento seria feito pelos milionários brasileiros, que teriam dois terços de seus corpos 100km acima do nível do mar.

Neste 17 de outubro, Dia Mundial para Erradicação da Pobreza, a recriação gráfica do desfile mostra o quanto ainda é preciso avançar para dar melhores condições de vida aos brasileiros.

Dados do Banco Mundial mostram que a contração da economia brasileira em 2015 e 2016 freou uma década de redução continuada da pobreza. Entre 2003 e 2014, a parcela da população brasileira vivendo com menos de US$ 5,50 por dia (na paridade do poder de compra de 2011) caiu de 41,7% para 17,9%. Essa tendência se reverteu em 2015, quando a pobreza aumentou para 19,4%.

“As crescentes taxas de pobreza do Brasil têm sido acompanhadas por um salto na taxa de desemprego, que cresceu quase 6 pontos percentuais do primeiro trimestre de 2015 e chegou a 13,7% da população no primeiro trimestre de 2017”, segundo a instituição. Em 2018, como o crescimento econômico deve ser abaixo do esperado – ficando em 1,2% –, as taxas de pobreza devem se manter altas.

Trata-se de um problema que se distribui de forma desigual pelo país: varia de 6,1% (Rio Grande do Sul) a 44,9% (Amapá) e é mais forte na zona rural, onde mais de um terço (38,1%) da população vive em pobreza, ante menos de um quinto (17,6%) nas áreas urbanas.

Já a desigualdade social, depois de diminuir 8,5 pontos entre 2001 e 2014, voltou a aumentar com a crise econômica a partir de 2015. O índice de Gini, que tinha caído de 59,4 para 51,5 no período, foi a 53,1 em 2016, tornando cada vez mais estranho o desfile carnavalesco das classes sociais brasileiras.

* Fontes do infográfico: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, 2018; Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), 2017; Conselho Nacional de Justiça, junho de 2018; Distribuição de Renda, por Jan Pen (1971); Dos Riscos Desconhecidos aos Cisnes Negros: como Gerenciar o Risco na América Latina e Caribe, Banco Mundial (2018).